Como analisar um poema - Parte 2 - Escansão

Como analisar um poema - Parte 2 - Escansão

Contagem das sílabas poéticas
 

Escansão  dos versos  é a contagem das sílabas poéticas de um poema. Escandir os versos é indicar suas sílabas poéticas e seus acentos.  As sílabas gramaticais, próprias da prosa, não são as mesmas que as sílabas poéticas, usadas nos poemas e, por vezes, não coincidem. As contagem das sílabas poéticas ocorre auditivamente.

Por exemplo:
Sílabas gramaticais: Tí /mi /da /es/ pe/ ra/ a /bai /la /ri /na /
Nº de sílabas:               1     2     3    4    5    6   7     8    9    10  11
 
Sílabas poéticas: Tí /mi /da  es /pe /ra a  /bai/ la /ri / [na]
Nº de sílabas          1     2      3        4        5     6     7    8  

Como podemos observar, o número de sílabas poéticas e gramaticais não coincidiu.
Chamamos a contagem das sílabas poéticas escansão dos versos. Escandir os versos é indicar suas sílabas poéticas e seus acentos.
 
As regras básicas para a contagem de sílabas poéticas são: 

a) Só contamos até a última sílaba tônica de um verso.

Exemplos: Na/ rea/li/da/de/, tris/te/ si/[na], 
               No/ pal/co/ vão/ re/pre/sen/tar/

No primeiro verso, não contamos a última sílaba na, porque a última palavra do verso é paroxítona. Assim, contamos apenas até a última sílaba forte.


No segundo verso, contamos todas as sílabas, porque a última palavra do verso é oxítona, portanto possui tonicidade na última sílaba. 

b) Elisão: quando em um verso uma palavra terminar por vogal átona e a palavra seguinte começar por vogal ou H (que não tem som, portanto não é fonema, mas uma simples letra) unem-se as duas sílabas numa só.
Exemplo: Da/ vi/da   es/sa/  mes/ma/  ro/ti/na 

c) Crase: fusão de sois sons vocálicos iguais.
Exemplo: Tí/mi/da es/pe/ra  a/ bai/la/ri/na 

d) Sinérese: união do hiato em uma só sílaba.
Exemplo: Lan/ça a/ poe/si/a 

e) Diérese: divisão do ditongo em duas sílabas.
Exemplo: Deus/ fa/la/, quan/do a/ tur/ba es/tá/ qui/e/ta 

f) Hiato: é o contrário da elisão. Separamos dois sons interverbais (a sinérese e a diérese são intraverbais - dentro da mesma palavra; a elisão e o hiato são interverbais - entre palavras diferentes).

Observe elisão e hiato no exemplo a seguir:

E/ va/ ga
Ao/ luar/
Se a/pa/ga
No / ar/.

 

g) Aférese: supressão de vogal no início da palavra:
Stamos em pleno mar! 
(Foi tirado o e

h) Apócope: supressão da vogal no fim da palavra.
Val(e) 

i) Síncope: supressão da vogal no meio da palavra.
P´ra, c´roa 
(Caíram o a e o o.)

Referências
ALMEIDA, Silas Leite de. Curso prático de português. Belo Horizonte: Vigília, 1971.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 46. ed. São Paulo: Nacional, 2005.
https://www.ufrgs.br/proin/versao_2/goldstein/index13.html Acesso em: 1 out. 2006.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rima Acesso em: 1 out 2006.
https://www.casadacultura.org/d/boletim/2005/BIS2005_jun29_conveniado.htm Acesso em: 1 out 2006
https://www.recantodasletras.com.br/autores/mardile

Original disponível em Mardilê Friedrich Fabre ( www.recantodasletras.com.br/autores/mardile